sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Por que os médicos não indicam?

Desde que recebi o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1, sempre me questionava: se já existe transplante disponível, por que a endocrinologista não indica? A resposta era a mesma: transplante é ruim e tem que tomar remédios para sempre; por isso, dá na mesma. Para minha compreensão dos fatos, isso soava como um comodismo médico associado à vontade de manter os consultórios cheios. Mas primeiramente, procurei informações sobre transplante de ilhotas de células-tronco de medula, tratamento disponível na USP de Ribeirão Preto. Na época, havia 12 leitos e as vagas já estavam preenchidas. E como o tratamento com células-tronco precisa ser feito logo após o diagnóstico, eu não poderia mais tentar esse caminho.
Os endocrinologistas e nefrologistas (principalmente) alegam que o uso de imunossupressores faz o paciente ficar em uma situação pior do que a dos dm's que usam insulina. Risco de câncer, herpes, meningite, pneumonias, diabetes tipo 2, osteoporose, lesão de pele, perda renal, obesidade são alguns argumentos usados pelos médicos. Nem preciso dizer que o diabético insulinodependente não está livre do risco de ficar tipo 2 a longo prazo também. Sem contar que, enquanto na imunossupressão a perda renal é um risco, no diabético tipo 1 ela é uma certeza. O risco de câncer é infinitamente menor do que os índices de cegueira por diabetes - sem falar, novamente, que o diabético não está livre de ter câncer. Os demais problemas são insignificantes perto das sequelas da diabetes. Portanto, esses efeitos colaterais não me assustaram.
Eu tenho um controle rígido, metas de A1C entre 5,1% e 6,3%, mas nunca é perfeito. Além disso, a rotina rígida de dieta em horários militares, a impossibilidade de qualquer jejum e as demais exigências da terapia intensiva levam qualquer um ao estresse físico e emocional.Nunca fui uma paciente padrão, que se satisfaz com exames normais e se ilude com notícias sobre cura no futuro. Eu sabia que a pílula azul não ia aparecer. Essa idealização de cura - que consiste em conseguir voltar ao estágio anterior à doença - nunca vai existir. Reconhecer isso é a primeira motivação para buscar o transplante isolado de pâncreas (TIP).

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